A abordagem contemporânea da educação abriu um grande diálogo entre pedagogia, psicologia e neurociência, possibilitando a ampliação recente dos diagnósticos relacionados às chamadas necessidades educacionais especiais. São distúrbios que impactam diretamente na eficácia dos processos de aprendizagem em cada individuo, em diferentes graus e com diversas peculiaridades.
A detecção e o diagnóstico dessas situações, aliada a um diálogo permanente entre família, escola e profissionais da saúde mental, possibilita um atendimento mais personalizado e um ganho sensível no aproveitamento de cada aluno em relação às estratégias oferecidas nesta rede de apoio.
Entre os distúrbios de aprendizagem mais conhecidos situa-se a dislexia. Encarada há até pouco tempo como tabu ou como barreira instransponível pelo ambiente escolar, a dislexia tem sido desmistificada e tratada pelos educadores de modo mais empático e analítico. Para ajudar você a compreender melhor e apresentar de que modo a escola pode se tornar uma aliada na convivência com essa realidade, nós pesquisamos e trouxemos esse material especial. Acompanhe!
Muita gente associa qualquer dificuldade cognitiva a esse termo sem ter a devida clareza sobre o que é dislexia. Todavia, não é bem assim. Nas diferentes tonalidades em que pode se apresentar, a dislexia atinge entre 0,5% e 17% das pessoas. Trata-se de uma realidade associada ao aspectos genéticos e de caráter hereditário que manifesta no sujeito a dificuldade de atribuir sentido às imagens escritas das letras ou às estruturas fonadas das palavras – dificultando os processos de leitura, interpretação e escrita.
Considerando que se trata de um distúrbio com origem genética, não é possível desenvolver estratégias de prevenção. Por isso, quanto mais precocemente for detectada, mais rapidamente será possível introduzir na dinâmica de aprendizagem da criança às estratégias disponíveis para aprimorar a sua capacidade cognitiva e melhorar a qualidade de vida. Normalmente se detecta a dislexia a partir dos seguintes sinais:
Na pré- escola, é comum a criança apresentar dispersão, falta de desenvolvimento da atenção, atraso na articulação da fala e da linguagem, troca de letras na hora de dizer as palavras, dificuldade de aprender rimas e canções e falta de interesse por livros e palavras escritas.
Na fase dos anos iniciais do Ensino Fundamental, a criança com dislexia pode apresentar, isoladamente ou de forma combinada, uma dificuldade acentuada de automatização da mecânica de escrever – na repetição do gesto técnico de grafar as letras, além da falta de insight para a percepção de sons repetidos nas rimas e na semelhança fonética das palavras.
A primeira e mais importante consideração a fazer é de que não se trata de uma doença. Portanto, a dislexia não tem cura. Trata-se de um distúrbio de aprendizagem que pode ser abordado de forma especializada e reduzir, caso seja acompanhado de forma adequada, em até 90% os efeitos na aprendizagem.
Por isso, tendo a devida clareza do diagnóstico, a escola pode aplicar estratégias alternativas que ofereçam um caminho de aprendizagem mais atraente para a criança com dislexia, desenvolvendo de modo mais lúdico e ritmado tanto a percepção auditiva quanto a compreensão dos estímulos escritos visuais, de modo a facilitar a apropriação dos esquemas fonéticos e da linguagem verbal.
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